quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Pelo fim do Memorial Zumbi

Por Adelson Vidal Alves



A década de 1990 e o inicio do século XXI testemunharam um profundo processo de racialização do Estado brasileiro. A União, os Estados e quase todos os municípios, de alguma forma, separaram uma parte do poder público para cuidar exclusivamente de políticas raciais. São Conselhos de Igualdade racial, coordenadorias e secretarias que trabalham políticas públicas de valorização do povo negro.

Em Volta Redonda, em Junho de 1990, projetado pelo arquiteto Selso Dal Bello, foi inaugurado o Memorial Zumbi, que segundo o site da Secretaria de Cultura do município tem a finalidade de “resgatar os valores da cultura africana e promover ações afirmativas”. Isto é, trata-se de um espaço exclusivo para “valorização do negro”.

O Memorial, na verdade, segue a lógica racialista presente no imaginário nacional e que permeia o Estado brasileiro. Já não vivemos em uma república onde as pessoas são cidadãs igualmente portadas de direitos iguais perante a lei. Em uma das resoluções do Conselho Nacional de Educação, que trata da obrigatoriedade do ensino de relações étnico-raciais nas escolas públicas, o Brasil é visto como um país “multicultural”, ou seja, dividido por muros raciais, étnicos e culturais. A ideia de totalidade nacional se perde em meio a tanta fragmentação.

Um memorial de “valorização da cultura africana” serve como catequização racial. Difunde a ideia do “Afro-brasileiro”. Pessoas de pele negra nascidas no Brasil passam a ser taxadas como descendentes diaspóricas de uma Pátria racial: a África.

Por isso a insistência de tentar ligar suas consciências a um passado glorioso imerso nos tambores, turbantes, danças folclóricas que supostamente seriam parte da identidade racial. Para o multiculturalismo, cultura não é algo que você absorve com a experiência progressiva no ambiente em que se vive, mas uma marca do seu DNA. Negros brasileiros são forçados a terem uma bi-nacionalidade, a que vem da nação brasileira e outra da nação africana. Como seres separados a força de sua mãe racial continental, os negros brasileiros deveriam ser reparados pela perversidade da escravidão na América portuguesa, e teriam que ser beneficiados com  ações a seu favor financiadas pelo Estado, a fim de preservar suas origens. Assim pensam os ideólogos da raça.

O Memorial Zumbi faz parte desta doutrinação, que afronta a república e conserva as bases do racismo. Que diferencia pessoas pela cor da pele, que cria guetos culturais e incentiva rivalidades raciais. O belo espaço situado na Vila Santa Cecilia, mal usado, diga-se de passagem, pelos últimos governos, deveria deixar de ser uma marca racial para consagrar a diversidade cultural como espaço de tolerância e abolição do mito da raça. Mas o movimento negro, que se apropria aos poucos do Estado para fins de poder, precisa cada vez mais ganhar adeptos para a ideia de que gente de pele negra tem um laço cultural com as raízes africanas. No fim, uma estratégia para perpetuar o falso paradigma da raça. Fosse eu o prefeito ou o secretário de cultura, já teria tomado a iniciativa de reconsiderar os objetivos deste memorial, fazendo dele um palco republicano de convivências culturais plurais, sem o rótulo racial, o qual molda as bases de sustentação do racismo nos nossos tempos. Para isso, no entanto, é preciso coragem.  
                                                


8 comentários:

  1. Vou copiar e colar o que escrevi na minha postagem do facebook sobre esse texto.

    ____________________________

    Para o povo preto, todo dia é dia de luta.

    NÃO ACEITAREMOS RACISTAS DE DIREITA, NEM DE ESQUERDA

    Da série: Quando as pessoas vomitam seu racismo se dizendo de esquerda, escrevendo um texto desses num blog pessoal.

    1- Nossa história não é folclore
    2- Nossa ancestralidade não tem nada ver com essa tal "binacionalidade" (por sinal, a África é um continente, não uma nação) apontada pelo autor.
    3- Lei de igualdade ? Pra quem, cara pálida??? NUNCA fomos resguardados pela lei. Que lei é essa que peermite escravidão ou que finge não enxergar que ela existe há séculos?
    4- Se essa tal "totalidade nacional" apaga, violenta, vende e faz folclore da minha história, ela não me pertence.
    5- Catequização racial? Isso é sério??? O povo do santo tá morrendo todos os dias (fisicamente e psicologicamente)
    6- De que passado glorioso do povo esse cara está falando??? Quais glórias? Da exploração, do genocídio ou do racismo? Ou será que somos cheios de glória por ja ter sido o povo "sem alma".
    7- Nossos turbantes, tambores e danças (QUE NÃO SÃO FOLCLÓRICAS) são elementos de RESISTÊNCIA! Tá ligado??? RESISTÊNCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
    8- A escravidão e as péssimas condições de vida não ficaram no passado. Não queremos reparação só pelo que passou, mas pelo que somos, por onde estamos e por como vivemos.
    9- Pele cor de pele? Existe um padrão de cor de pele?
    10- Esse negócio de "tolerância" é algo que me incomoda bastante. Não posso tolerar NADA que diga que não somos bons pela nossa cor de pele, por nossas religiões, por nosso jeito de viver, por nossas condições de vida.

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  2. Cara, este local já representa a socialização, união, e liberdade. Não representa nenhum tipo de desejo racista os escravista. É um memorial filho, e serve lembrar que houve uma mudança. Acho que poderiam trocar o nome para Espaço Louverture, por que Zumbi dos Palmares é o personagem mais falhado que temos e que menos representa a luta dos negros no mundo.

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  3. Seu texto é uma piada, de mal gosto por sinal, denota sua insensibilidade a respeito de nossa história e de nosso povo. Só faltou dizer que era espaço do demônio, como um pastor há pouco tempo. Outro dia se realizou naquele espaço uma comemoração pelos 100 anos da umbanda e se estivesse lá veria de que massa somos feitos, a maioria branca estava lá na gira célebrando a apropriação cultural.

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  4. Seu texto é uma piada, de mal gosto por sinal, denota sua insensibilidade a respeito de nossa história e de nosso povo. Só faltou dizer que era espaço do demônio, como um pastor há pouco tempo. Outro dia se realizou naquele espaço uma comemoração pelos 100 anos da umbanda e se estivesse lá veria de que massa somos feitos, a maioria branca estava lá na gira célebrando a apropriação cultural.

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  5. Texto típico de quem está vendido à ideologia/mito da democracia racial brasileira. O autor precisa urgentemente estudar História da África e cultura afro brasileira.

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  6. O assunto é polêmico e ñ se resolve de forma fácil. O que sse denomina DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, tendo como figura principal ZUMBI, tem que ser melhor explicado. Os historiadores, em parte, o tratam como um grande escravagista, perverso, envenenador de GANGA ZUMBA, o verdadeiro herói de Palmares.
    Parabenizo a coragem do autor do texto do blog.

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  7. O assunto é polêmico e ñ se resolve de forma fácil. O que sse denomina DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, tendo como figura principal ZUMBI, tem que ser melhor explicado. Os historiadores, em parte, o tratam como um grande escravagista, perverso, envenenador de GANGA ZUMBA, o verdadeiro herói de Palmares.
    Parabenizo a coragem do autor do texto do blog.

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  8. Você está confuso Adelson. Contaminado com um tipo de pensamento. Precisando estudar mais.

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