Por Adelson Vidal Alves
O prefeito de Volta Redonda
Samuca Silva deve ter uma relativa estabilidade de governo no seu primeiro ano
de gestão. E isto não depende se governará de fato com eficiência, tem a ver,
sobretudo, com a forma pelo qual foi eleito.
É de conhecimento de todos que
o então candidato do PV venceu as eleições sem a necessidade de um projeto de
cidade. Sua figura jovial, embrulhada no discurso do “novo” e do “bom gestor”, interrompeu
o debate racional do segundo turno, e em torno dela, fabricou-se um exército de
fiéis que rejeitavam todos os argumentos da razão, a paixão e o irracionalismo
bastavam aos eleitores de Samuca.
Empurrado como um messias para
seu trono, o prefeito eleito surfa numa popularidade fabricada pelo seu próprio
marketing. Popularidade fanática onde seus apoiadores chegam ao ponto de pedir
a opositores que se silenciem para que deixem “o garoto trabalhar”. Na visão destes,
é preciso que a dialética democrática seja substituída por um monólogo
político, onde apenas o prefeito fala, governa, age e pensa.
Todo este sentimento apaixonado
vem acompanhado com a aparente adesão da imprensa regional ao projeto solitário
de Samuca. Ela parece sustentar a estratégia inicial do governo de querer
embutir no senso comum municipal a ideia de uma “herança maldita” do antigo
governo. Assim, liquida-se o fantasma do antecessor eficiente e Samuca passa a
ser uma espécie de salvador de uma cidade destruída pelos erros do passado. Essa
jogada não é nova. O PT se utilizou muito bem disso quando tentou emplacar a
história de “refundação” do Brasil com sua chegada ao poder. Ao dizer que fará
o melhor governo da história, o prefeito de VR acompanha o mesmo raciocínio fundacional
petista.
É fato que a oposição terá
dificuldades de quebrar esta imagem heroína a curto prazo, em geral, a paixão
sobrevive por sua própria incapacidade de ver a realidade. Samuca pode
racionalizar sua relação de governo, e ingressar de fato na política
democrática, ou acreditar ingenuamente que seu marketing sozinho lhe fará o
povo te carregar nas costas por 4 anos. Certo presidente acreditou na segunda a
hipótese e acabou sofrendo impeachment.
O tempo será um elemento
precioso para que abra um clarão na política de Volta Redonda, por enquanto,
ela não está nas ruas, nos bons debates, no parlamento e nem na imprensa. Tudo
isto é substituído por vídeos diários nas redes sociais, substituindo a
mediação democrática dos organismos da sociedade civil por uma tentativa de
comunicação direta com as massas, característica do populismo. Resta saber:
Samuca está a altura de um populista? Eu já dei minha resposta neste blog. E ela
é NÂO.
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