domingo, 22 de janeiro de 2017

OPINIÃO: Samuca terá uma longa lua de mel com Volta Redonda

Por Adelson Vidal Alves



O prefeito de Volta Redonda Samuca Silva deve ter uma relativa estabilidade de governo no seu primeiro ano de gestão. E isto não depende se governará de fato com eficiência, tem a ver, sobretudo, com a forma pelo qual foi eleito.

É de conhecimento de todos que o então candidato do PV venceu as eleições sem a necessidade de um projeto de cidade. Sua figura jovial, embrulhada no discurso do “novo” e do “bom gestor”, interrompeu o debate racional do segundo turno, e em torno dela, fabricou-se um exército de fiéis que rejeitavam todos os argumentos da razão, a paixão e o irracionalismo bastavam aos eleitores de Samuca.

Empurrado como um messias para seu trono, o prefeito eleito surfa numa popularidade fabricada pelo seu próprio marketing. Popularidade fanática onde seus apoiadores chegam ao ponto de pedir a opositores que se silenciem para que deixem “o garoto trabalhar”. Na visão destes, é preciso que a dialética democrática seja substituída por um monólogo político, onde apenas o prefeito fala, governa, age e pensa.

Todo este sentimento apaixonado vem acompanhado com a aparente adesão da imprensa regional ao projeto solitário de Samuca. Ela parece sustentar a estratégia inicial do governo de querer embutir no senso comum municipal a ideia de uma “herança maldita” do antigo governo. Assim, liquida-se o fantasma do antecessor eficiente e Samuca passa a ser uma espécie de salvador de uma cidade destruída pelos erros do passado. Essa jogada não é nova. O PT se utilizou muito bem disso quando tentou emplacar a história de “refundação” do Brasil com sua chegada ao poder. Ao dizer que fará o melhor governo da história, o prefeito de VR acompanha o mesmo raciocínio fundacional petista.

É fato que a oposição terá dificuldades de quebrar esta imagem heroína a curto prazo, em geral, a paixão sobrevive por sua própria incapacidade de ver a realidade. Samuca pode racionalizar sua relação de governo, e ingressar de fato na política democrática, ou acreditar ingenuamente que seu marketing sozinho lhe fará o povo te carregar nas costas por 4 anos. Certo presidente acreditou na segunda a hipótese e acabou sofrendo impeachment.

O tempo será um elemento precioso para que abra um clarão na política de Volta Redonda, por enquanto, ela não está nas ruas, nos bons debates, no parlamento e nem na imprensa. Tudo isto é substituído por vídeos diários nas redes sociais, substituindo a mediação democrática dos organismos da sociedade civil por uma tentativa de comunicação direta com as massas, característica do populismo. Resta saber: Samuca está a altura de um populista? Eu já dei minha resposta neste blog. E ela é NÂO.




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