sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Samuca não serve nem para populista fajuto

Por Adelson Vidal Alves



O termo populismo é um dos mais debatidos na sociologia e na historiografia. Em geral, faz referência a governos que dão as costas a partidos políticos e ao parlamento. Tem um líder carismático que utiliza comunicação direta com o povo, sempre usando de discursos impactantes, como o que trata os mais pobres como “descamisados”. O populismo é um fenômeno abundante na história da América Latina. No Brasil, teve inicio com Getúlio Vargas e foi até o governo de João Goulart, o Jango. Na Argentina, um exemplo claro de populismo é o peronismo.

Mas há quem diga que ele chegou a Volta Redonda, a partir do “fenômeno Samuca”. Claro que tal conceituação é um exagero. O prefeito eleito da cidade do aço não tem carisma, a comunicação com o povo é precária, sua oratória é fraca, está mais próximo desta moda que exalta a gestão contra a política, demonizada como o mal generalizado. O populista, de alguma forma, faz política.

Nesta semana, a câmara de vereadores aprovou a diminuição do poder de remanejamento do prefeito para 7%, um golpe na governabilidade. Muitos de seus seguidores defenderam que Samuca convoque o povo para ir às ruas contra o parlamento. Mas ele não fará tal convocação. Não tem base social, não contaminou a população a ponto de fabricar um “samuquismo”. Enfrentar os vereadores sem base social sólida seria um dos seus maiores equívocos.


Devemos ter claro que Samuca não venceu com um programa político de cidade. Mesclou (provavelmente de forma inconsciente) propostas tecnicistas e neoliberais, apresentando-se de forma messiânica. Samuca não serve nem para um populista fajuto. Sua até então improvável vitória se deu sob um vácuo político provocado pela crise da política tradicional. Ele foi empurrado para o Palácio de 17 Julho como uma forma de grito desesperado pelo novo. O próprio Samuca demorou a entender estes fatos, reagiu assustado, ganhou muito mais por conta desta onda do que por méritos próprios. 

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